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Economia
PIB cresce mais em cidades menores
04/11/2022
Valor Econômico

As cidades de pequeno porte com população entre 20 mil e 50 mil habitantes foram as que mais cresceram economicamente ao longo de uma década. Entre 2010 e 2019, o Produto Interno Bruto (PIB) dessas cidades teve expansão real de 15%, quase três vezes a taxa média de crescimento dos 5.570 municípios brasileiros. Em termos de renda per capita, foram as cidades do Centro-oeste as que apresentaram a maior expansão no período: 24%, na média, descontada a inflação, segundo levantamento do Observatório de Informações Municipais (OIM).

 

Já os municípios de grande porte – com população na faixa de 1 milhão a 5 milhões de habitantes – tiveram expansão econômica pífia (0,66%) na década de 2010, em valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

 

No pólo oposto aos das metrópoles, os municípios cuja população estava na faixa de cinco mil a 20 mil habitantes experimentaram alta do PIB em torno de3 11% em termos reais, em média. “O peso do FPM [Fundo de Participação dos Municípios] é maior nas cidades de menor porte, o que torna mais fácil o crescimento do PIB, diz o economista François Bremaeker, gestor do OIM, referindo-se a uma modalidade de transferência constitucional realizada pela União.

 

No quesito valor do PIB per capita são as cidades com 5 milhões de habitantes ou mais que ocupam o topo do ranking. Apenas Rio de Janeiro e São Paulo integram essa categoria no Brasil. E, 2019, o resultado da divisão do Produto Interno Bruto pela população desses centros urbanos era de R$ 54,6 mil, descontada a inflação medida pelo IPCA, de acordo com os cálculos do OIM. O montante é 78,4% superior ao PIB per capita médio calculado para o conjunto de todos os municípios brasileiros (R$ 30,6 mil).

 

Apesar de muito superior à média, o PIB per capita dos municípios habitados por 5 milhões ou mais de pessoas diminuiu quase 2% em termos reais no período estudado. Na análise por região, esse indicador permaneceu praticamente estável no sudeste e cresceu em todas as outras regiões, com destaque para o desempenho positivo das cidades do Centro-oeste (24%). Para Bremaeker, a expansão do agronegócio na região é o fator mais provável nesse indicador.

 

No caso do Centro-oeste, a expansão do PIB per capita se deu em Municípios de todos os portes. Naqueles com até 2 mil habitantes, por exemplo, o ganho real foi de 6%, enquanto nas cidades com população na faixa de 50 mil a 100 mil pessoas este percentual ultrapassou 40%.

 

“A primarização da pauta exportadora do país pode em parte explicar essa mudança na dinâmica da geração de riqueza se analisarmos as cidades segundo o seu porte populacional, sustenta Gilberto Perra, secretário-executivo da Frente Nacional de Prefeitos (FNP). A entidade congrega todas as capitais e municípios com mais de 80 mil habitantes. Os grandes centros urbanos – por suas vez – tendem a perder fôlego econômico com a desindustrialização do país ao longo das últimas décadas, que levou a uma retração na participação do setor no Produto Interno Bruto.

 

Perre ressalta, porém, que analisar variações no PIB municipal apenas pela ótica do porte populacional não é suficiente para compreender as razões que levam ao sucesso ou insucesso econômico. “É tratar diferentes como iguais”, resume. Próxima a Araraquara, Gavião Peixoto (SP) conta com uma planta aeronáutica em seu território, enquanto Paulínia (SP) abriga uma refinaria de petróleo (Replan). Em ambos os casos, empreendimentos industriais específicos impulsionam a economia das cidades, argumenta Perre.