A Serra do Mar toda tem um dos maiores índices pluviométricos do país. Sempre foi assim. E nessa região também acontecem de tempos em tempos chuvas excepcionais, extremas (tempo de recorrência estimado em cerca de 10 anos), como a que atingiu nesses dias o litoral norte do estado de SP. E também isso não é novidade. Ou seja, é preciso muito cuidado em associar essa pluviosidade ao fenômeno de aquecimento global. Isso pode desviar nossa atenção do problema real.

A questão comprovada é que paga-se um preço por ocupar uma região com essas características geológicas, geotécnicas e pluviométricas. E esse preço é muito maior quando as formas de ocupação não respeitam as características naturais citadas, acabando por potencializar a ocorrência de deslizamentos e fenômenos associados.

E esse alto preço ainda sofre um grande acréscimo se considerarmos a comum atitude de nossos administradores públicos e privados em não adotar as abundantes recomendações do meio técnico brasileiro para reduzir a vulnerabilidade das populações locais a riscos de natureza geológica; considerando, em especial, os contingentes mais pobres dessas populações, sempre os mais atingidos.