Números divulgados nesta quarta-feira, 4/10, pelo IBGE mostram que em 2021 estavam ativos no país 13,2 milhões de microempreendedores individuais (MEIs). Desse contingente, 9,5 milhões iniciaram as atividades entre 2017 e 2021, ou seja, 72,1% dos MEIs atuantes à época tinham no máximo cinco anos de atividade.
Há algumas razões para essa “explosão de empreendedorismo” em um prazo aparentemente curto. Uma delas é a pandemia de covid-19, que no Brasil teve impacto inicial em 2020.
Antes da pandemia, em 2019, havia 9,6 milhões de pessoas trabalhando como MEI. Esse número subiu para 11,2 milhões em 2020 e chegou aos 13,2 milhões em 2021, aumento de 37,5% (3,6 milhões a mais) em relação ao período pré-pandemia.
Com as restrições impostas às atividades econômicas para controle do vírus, muitas empresas acabaram demitindo funcionários, gerando uma massa de trabalhadores que buscou apoio no empreendedorismo.
Em 2021, a taxa de entrada de MEIs foi de 22,0%, equivalente a 2,9 milhões de empreendedores, enquanto a taxa de saída foi 6,5%, correspondente a 857 mil empreendedores. Assim, o saldo ficou positivo em aproximadamente 2,1 milhões de MEIs.
TRABALHADORES FORMAIS
Os 13,2 milhões de microempreendedores individuais ativos em 2021 representavam 69,7% do total de empresas e outras organizações em operação no país à época.
Os dados do IBGE mostram também que 19,2% dos trabalhadores formais do país atuavam como MEI em 2021.
A atuação do MEI no mercado formal é maior em alguns ramos de atividades, como cabeleireiro, onde 90,6% dos microempreendedores individuais são formais, atividades de publicidade (77,2%), serviços de construção (73,9%), comércio varejista (73,9%) e obras de acabamento (67,5%).
“Os MEIs têm ganhado cada vez mais espaço no mercado de trabalho formal do país, mostrando uma crescente evolução. A maior parte deles está concentrada na região Sudeste”, diz Thiego Ferreira, analista da pesquisa.
ONDE ATUAM
Em 2021, mais da metade (50,2%) dos MEIs atuava no setor de Serviços; 29,3% estavam no Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas; 10,8% na Indústria geral; 9,4% na Construção; e apenas 0,3% na Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura.
O segmento com maior presença de MEIs foi o ramo de cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza, concentrando 9,1% do total de microempreendedores do país à época, ou 1,197 milhão de pessoas.
Em seguida, vinham comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios, com 939,6 mil MEIs (7,1%), e restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas, com 827,3 mil (6,3%).
Do total de 673 classes da CNAE 2.0, o MEI esteve presente em 206.
EMPREGO ANTERIOR
O levantamento identificou ainda que entre os 2,9 milhões de pessoas que aderiram ao MEI em 2021, 1,827 milhão o fizeram após já terem trabalhado no mercado formal.
Nesse grupo, 62,2% dos desligamentos foram motivados pelo empregador ou por justa causa; 22,6% tiveram rescisão sem justa causa por iniciativa do empregado ou exoneração de cargo efetivo a pedido do servidor; e 13,5% tiveram como motivo o término do contrato de trabalho.
Os MEIs que tinham vínculo empregatício em 2020 possuíam salário médio mensal de R$ 2.341 naquela função que exerciam, sendo que os homens recebiam cerca de 10% a mais que as mulheres.
PERFIL
Do universo de 13,2 milhões de MEIs de 2021, 53,3% eram do sexo masculino, com idade média de 40,7 anos. Somente 0,6% dos MEIs não eram brasileiros. A maioria dos estrangeiros eram da Bolívia (11,7 mil), Venezuela (6,1 mil), Colômbia (5,5 mil) e Argentina (5,5 mil).
Quanto à escolaridade, as mulheres apresentavam maior grau de instrução se comparadas aos homens. Enquanto 9,5% dos homens possuíam nível superior em 2021, dentre as mulheres esse percentual foi de 18,2%.
Entre os homens, 9,9% eram analfabetos ou possuíam até o nível fundamental incompleto, enquanto entre as mulheres esse percentual era de 5,3%.
POR REGIÃO
Regionalmente, o Sudeste e o Sul do país se destacaram por apresentar as maiores concentrações de MEIs. São Paulo foi o estado com mais MEIs, 3,6 milhões (27,2%), seguido por Rio de Janeiro, com 1,5 milhão (11,5%), Minas Gerais, com 1,5 milhão (11,1%), Paraná, com 825,8 mil (6,3%) e Rio Grande do Sul, com 799,1 mil (6,1%).
O Rio de Janeiro (26,0%) foi a unidade da federação com maior proporção de MEIs em relação ao total de ocupados formais, seguida pelo Espírito Santo (24,8%). Já as menores participações ocorreram no Distrito Federal (10,9%), Acre (14,3%) e Maranhão (15,8%).