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Economia
Mudar a meta fiscal agora vai gerar incerteza
Campos disse que o Brasil passa por uma “desancoragem gêmea” nas expectativas fiscais e de inflação
09/11/2023
Valor Econômico

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que mudar a meta fiscal agora “vai gerar incerteza” e que os agentes financeiros vão pensar que o objetivo “foi abandonado”, o que pode ter um custo para a economia. “O mercado, em meio à incerteza, tende a aumentar o prêmio de risco. No BC, é importante como o fiscal afeta as variáveis do nosso cenário. Não é uma relação mecânica [fiscal e monetário]”, disse, em inglês, em evento do Valor Capital Group, em Nova York.

Campos repetiu que o Brasil passa por uma “desancoragem gêmea” nas expectativas fiscais e de inflação. “Se o mercado não acredita na meta fiscal também não acredita na meta de inflação, esses fatores andam juntos.”

O presidente do BC disse que brincava que o país tinha um teto de gastos, regime fiscal anterior, mas que “o piso estava ficando mais alto”. “Em algum momento tivemos que ajustar o sistema; veio o arcabouço fiscal. Agora há a discussão de mudar a meta [para o resultado primário]”, disse. “O Brasil tem um histórico [de problema] fiscal, temos dívidas mais altas que outros países emergentes.”

Ele repetiu que os países emergentes precisam fazer “melhor o dever de casa” em função do aperto de liquidez global com as taxas de juros mais elevadas.

“No Brasil, tivemos histórico de inflação, pensamos que fazer mais e mais rápido [na política monetária] geraria menos custo [à atividade]”, lembrou.

Em relação à atividade econômica, ele ressaltou que o Brasil teve surpresas positivas no crescimento, e que a agricultura teve muita participação. “Mas para o próximo ano muita gente espera crescimento menor”, afirmou.