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Corrupção e Controle
Brasil cai 10 posições em ranking de percepção da corrupção
31/01/2024
Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo

Com 36 pontos em uma escala de zero (mais corrupção) a 100 (menos corrupção), o país figura na 104ª posição entre 180 nações avaliadas pela Transparência Internacional. Orçamento secreto e loteamento de espaços de poder foram destacados como problemas

O Brasil atingiu a segunda pior colocação da história no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2023, reporte produzido desde 1995 pela Transparência Internacional. Na pesquisa divulgada nesta terça-feira, 30/1, o Brasil figura na 104ª posição entre as 180 nações avaliadas pela entidade.

Quanto melhor a posição no ranking, menos corrupto é considerado o país. O Brasil registrou 36 pontos em 2023, dois a menos que o ano anterior. O índice obtido é semelhante ao de países como Argélia, Sérvia e Ucrânia.

O relatório atribui para cada país uma pontuação que varia do 0, equivalente a “altamente corrupto”, ao 100, que representa o “muito íntegro”. A pior colocada no ranking de 2023 é a Somália, com 11 pontos; na outra ponta, a Dinamarca é a melhor colocada, com 90 pontos.

A Transparência Internacional elenca pontos positivos e negativos no combate à corrupção no Brasil em 2023. Como destaques negativos, a entidade cita “o fortalecimento do chamado Centrão, através da adaptação e manutenção do esquema do orçamento secreto e loteamento de espaços de poder”.

A insegurança jurídica, por meio de decisões controversas e monocráticas no Supremo Tribunal Federal (STF), também é criticada. Como exemplo, a Transparência Internacional cita a anulação do ministro Dias Toffoli dos acordos de leniência da Odebrecht.

Segundo a entidade, um dos principais avanços do último ano foi a aprovação da reforma tributária, sobre a qual incide “potencial de impacto estrutural anticorrupção”. A investigação corrente da Polícia Federal (PF) contra um suposto aparato paralelo na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por sua vez, também representa um avanço.

Em nota à imprensa, a Controladoria-Geral da União (CGU), órgão cuja principal atribuição é o prevenção e o combate à corrupção no governo federal, diz que “trabalha diariamente para identificar e corrigir riscos de corrupção em políticas públicas, contratações e outras ações do Estado”.

O relatório da Transparência Internacional, segundo a CGU, “reconhece importantes avanços no âmbito do controle social, da transparência e do acesso à informação”. A Controladoria, no entanto, ressalta que os resultados da pesquisa “devem ser vistos com cautela”. “A corrupção é um fenômeno complexo e nenhum indicador consegue medir todos os seus aspectos”, diz o órgão público.

METODOLOGIA

O ranking da Transparência Internacional é elaborado por meio de um cruzamento de até 13 fontes de dados. As percepções levadas em consideração variam desde profissionais do mercado a especialistas em gestão pública. Avaliações do Banco Mundial e do Fórum Econômico Mundial, por exemplo, fazem parte da base de dados levada em consideração.