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Projeto quer ensinar cidades a serem felizes: 'Melhor qualidade de vida'
06/03/2024
UOL

Estudos já indicaram que se sentir feliz contribui para a saúde física. O estilo de vida, seja pela prática de atividade física, a presença de uma sólida rede de apoio e até mesmo o acesso à natureza, é cada mais determinante para o bem-estar.

Pensando nisso, um projeto quer ensinar cidades ao redor do mundo a serem mais felizes. A iniciativa, criada pela Fundação Mundial para a Felicidade, espera recrutar 100 cidades até o final do próximo ano.

“Para ganhar o título de ‘cidade da felicidade’, é necessário mostrar e reforçar o compromisso com o bem-estar dos residentes”, explica o sociólogo espanhol Luis Gallardo, presidente da Fundação Mundial da Felicidade.

A implementação varia em cada município, conforme as suas necessidades, definidas após um processo inicial de três meses. “O tempo para implementar totalmente a iniciativa pode mudar, dependendo das condições existentes na cidade e do nível de apoio e recursos disponíveis”, indica Gallardo.

De forma geral, a proposta do programa é trabalhar junto às lideranças regionais para colocar a felicidade no quadro estratégico dessas cidades.

Não há uma “cidade da felicidade” no Brasil, mas duas estão em seleção. Ainda não há nomes divulgados, segundo a equipe do projeto. Há modelos semelhantes à iniciativa exclusivos para escolas e empresas.

Pinecrest, município na Flórida (EUA), recebeu o título de “cidade da felicidade” em fevereiro. O conselho e o prefeito participaram das discussões, que priorizaram melhorar espaços públicos, promover programas de bem-estar para a comunidade e integrá-los à educação.

“O foco geral é no bem-estar. Para nós, o importante é o foco estratégico na felicidade dos 20 mil habitantes da cidade”, definiu Gallardo. Segundo ele, as iniciativas indicaram aumento na satisfação dos moradores e na integração da comunidade.

Como funciona?

O projeto indica a presença de um diretor de bem-estar, capaz de transformar o conceito de felicidade em propostas reais e políticas públicas. Ele atua como um “tradutor”, indicando o que tornaria aquele local mais feliz. O trabalho também inclui:

Engajar todas as esferas da sociedade, incluindo eventuais parceiros e captar recursos;

Tornar a felicidade mensurável, por meio de índices e análises periódicas (como o nível de satisfação dos habitantes);

Entender como usar novas tecnologias em benefício do bem-estar —e testá-las.

“O diretor de bem-estar desempenha um papel crítico na criação de ambientes onde os indivíduos podem prosperar, construindo comunidades e organizações mais resilientes, produtivas e harmoniosas”, descreve a Fundação Mundial da Felicidade.

Objetivos preconizam felicidade individual junto ao bem-estar coletivo.

Uma “cidade da felicidade” tem nove esferas de bem-estar

A estratégia é fundamentada em nove esferas, que propõem o bem-estar individual e coletivo. São elas:

Ecológica

Importância da qualidade do ambiente natural;

Garantir a qualidade do ar;

Prevenir a poluição da água;

Proporcionar acesso a espaços verdes.

Comunal

Criar um ambiente comunitário seguro;

Promover atividades voluntárias;

Sensação de segurança e pertencimento à comunidade.

Social

Foco nas conexões sociais;

Incentivar relacionamentos interpessoais significativos;

Acesso às atividades sociais.

Cultural

Promover engajamento com o patrimônio cultural;

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Acesso a experiências culturais;

Facilitação do idioma local.

Física e mental

Monitorar a saúde dos habitantes;

Acessibilidade aos serviços de saúde;

Promoção de comportamentos saudáveis.

Espiritual

Importância da gratidão, reflexão e meditação para o bem-estar espiritual;

Incentivar o acesso a espaços religiosos e práticas que promovam a paz interior.

Intelectual

Gerar oportunidades de emprego;

Educação contínua;

Acesso à informação.

Financeira

Estabilidade financeira é crucial para o bem-estar;

Garantir renda estável, acesso a bens materiais e moradia acessível.

Civil

Engajamento cívico e a governança transparente;

Promover consciência dos direitos individuais e a participação ativa na vida cívica.

Resultados

Priorizar a felicidade dos habitantes não tem uma repercussão pessoal, exclusivamente. A ideia é fazê-los felizes e, com isso, promover o bem-estar da comunidade e a coesão social. Isso favorece a captação de investimentos ao município, de talentos, além de gerar reconhecimento.

Segundo Gallardo, os principais resultados são:

Melhorias na qualidade de vida e no bem-estar geral da comunidade;

Aumento da satisfação dos residentes;

Redução de problemas sociais (como nas taxas de criminalidade);

Também há impactos aos custos de saúde, já que o sistema pode ficar menos sobrecarregado devido à melhor qualidade de vida.