Por Gabriel Shinohara
Para 79% dos analistas que responderam ao Questionário Pré-Copom, a situação fiscal piorou desde a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de março. O Banco Central (BC) divulgou os resultados da pesquisa nesta quarta-feira.
Além dessa parte majoritária, outros 18% não viram mudanças relevantes e 3% disseram que a situação fiscal melhorou. Nessa questão, houve 115 respondentes.
O questionário foi enviado a analistas de mercado no dia 25 de abril, antes da reunião dos dias 7 e 8 de maio. As respostas são analisadas para a reunião do Copom e servem como subsídios das discussões. Na conclusão da última reunião, em 8 de maio, a decisão foi de reduzir a taxa Selic de 10,75% para 10,50% ao ano.
Na questão sobre as projeções para variáveis fiscais, a mediana das expectativas foi de déficit primário de R$ 76 bilhões neste ano. No questionário passado, a mediana era de déficit de R$ 82 bilhões. Para 2025, a mediana de projeções é de déficit de R$ 90 bilhões.
O questionário também coletou as expectativas para o andamento da política monetária nas três reuniões do Copom, de maio, junho e julho. Para a que ocorreu na semana passada, 67% dos respondentes disseram que o Copom faria um corte de 0,25 ponto percentual. Já outros 32% apostavam em uma queda de 0,5 ponto. Apenas 1% respondeu que o comitê manteria a taxa de juros em 10,75% ao ano.
No campo que pedia a informação do que o respondente acreditava que o Copom deveria fazer, 57% defenderam que o Copom deveria cortar 0,25 ponto; outros 41%, que deveria cortar 0,5 ponto; e 2% defenderam a manutenção da taxa.
Para a reunião de junho, 94% disseram que o BC fará um corte de 0,25 ponto; 5%, que o corte será de 0,5 ponto; e 2%, que a taxa de juros será mantida. No campo do que deveria fazer, 83% afirmaram que o corte deveria ser de 0,25 ponto em junho, enquanto 13% disseram que seria de 0,5 ponto, e 5%, que manteria.
Na reunião de julho, 84% apostaram que o corte seria novamente de 0,25 ponto; outros 14%, que a Selic seria mantida; e 2%, que o corte seria de 0,5 ponto. Já 78% acreditavam que o Copom deveria fazer um corte de 0,25 ponto em julho; outros 17%, que deveria manter; e 6%, que a redução deveria ser de 0,5 ponto.
A projeção mediana de inflação dos respondentes foi de 3,7% em 2024 e 3,62% em 2025. Já a mediana das expectativas para Selic no final deste ano é de 9,75% e em 2025, de 9% ao ano.
Para o cenário central dos respondentes do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024, a avaliação de 31% é que o viés preponderante é de risco de alta, enquanto 59% veem riscos equilibrados e outros 9% riscos de baixa.
Para o IPCA de 2025, 42% veem riscos equilibrados para o cenário central, enquanto 54% veem riscos de alta e 4% riscos de baixa.
Os respondentes do questionário também trataram das projeções de curto prazo. Para o IPCA, a mediana foi de 0,34% em abril, 0,28% em maio, 0,17% em junho e 0,15% em julho. Dos serviços subjacentes, a mediana foi de 0,35% em abril, 0,33% em maio, 0,37% em junho e 0,34% em julho.
Para o Produto Interno Bruto (PIB), a mediana das projeções para 2024 foi de 2,1%. No questionário anterior, de março, a mediana estava em 1,8%. O risco preponderante para o cenário central dos respondentes é equilibrado para 50% deles. Outros 47% veem riscos de alta e 3% de baixa.
O questionário também trouxe uma questão sobre a evolução do ambiente externo desde o último Copom, em março, do ponto de vista de economias emergentes. Dos 116 respondentes, 95% disseram que o cenário está menos favorável, enquanto 4% afirmaram que não teve mudanças relevantes e 1% mais favorável.
A mediana das projeções dos respondentes para a taxa de desemprego no fim do ano foi de 7,6%. Já a mediana de expectativas para o saldo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi de 1,5 milhão.