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BC não é malvado. A culpa é do governo, que deve muito, diz Campos Neto
Em entrevista à CNN Brasil, presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que se a dívida pública fosse menor, custo do crédito seria 'mais barato'
15/05/2023
O Estado de Minas / Agência Estado

Em entrevista à CNN Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que, se a dívida pública fosse menor, o custo do crédito seria “mais barato para todo mundo”. Ele também disse que a culpa pelos juros altos no Brasil é do governo federal.

 

Campos Neto BC destacou ainda que o Banco Central não é “malvado”. Para ele, os juros — hoje em 13,75% ao ano — estão altos porque o governo compete com quem precisa de crédito pelo dinheiro que tem disponível.

O presidente do Banco Central falou diretamente com o empresariado. Segundo Campos Neto, se o empresário, está tentando pegar um dinheiro e está caro “a culpa é do governo, que deve muito”. (…) “O grande culpado pelos juros estarem altos é que tem alguém competindo pelos mesmos recursos e pagando mais”.

Selic alta

 

Campos Neto explicou que o risco de longo prazo é o responsável por manter a Selic alta: ” Hoje, acrescentou, a taxa real de juros no Brasil é de mais de 6% — a maior do mundo, segundo ranking. Quando a gente pensa que o governo faz uma emissão longa e paga uma taxa de juro real acima de 6%, isso não tem a ver com o Banco Central. Isso é uma percepção de longo prazo e existe um risco que justifique que a taxa de juro real seja 6%”.

O presidente do BC elogiuo o arcabouço fiscal e disse que mantém contato com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad: “A convivência (com Haddad) é boa. Percebo que ele está fazendo um esforço grande no fiscal. Tivemos algumas conversas no começo e eu disse: ‘Olha, sem a ajuda do fiscal, é muito difícil. Não tem como reinventar a roda’. (…) Temos um relacionamento bom. A gente conversa com alguma frequência”.

 

O cenário

 

As falas de Campos Neto vêm em meio à pressão do governo para que os juros baixem. O BC, por sua vez, tem defendido que as projeções apontam para uma inflação alta, o que justificaria o atual patamar da Selic. Mercado aposta em queda no 2º semestre.