Por Sérgio Tauhata
O país tem pouco espaço no Orçamento para as políticas públicas, disse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que participou hoje do evento Esfera Brasil. “O FMI [Fundo Monetário Internacional] fez um trabalho recente que compara três dimensões. Primeiro sobre a dívida em relação ao PIB, depois relacionado a quanto é a carga tributária [do país] e tem espaço para tributar mais. E depois olhar a eficiência do gasto em diversas dimensões. E nessas três dimensões o Brasil tem problemas.”
Conforme o dirigente, “em alguns serviços, a gente até gasta proporcionalmente parecido com o mundo emergente, mas tem uma eficiência menor”. Na visão do presidente do BC, “a gente tem menos espaço fiscal, porque a nossa carga tributária é bastante alta comparada ao mundo emergente e a nossa dívida relação PIB também”.
De acordo com o chefe da autoridade monetária, “tendo tendo pouco espaço, significa que a gente precisa ter inteligência, alocação de de eficiente de recursos e trabalhar mais com o mundo privado”. Segundo Campos Neto, “se o setor público não tem condições de fazer aquela atividade, ele tem que estar mais atuante junto do mundo privado porque, quando o setor público não está, alguém toma esse espaço, isso é o que aconteceu com o crime organizado”.
Campos Neto afirmou ainda que o governo brasileiro tem pouca capacidade fiscal porque a dívida é alta e a parte discricionária do orçamento é pequena comparado ao orçamento todo. “Então você tem de ser eficiente porque você tem menos recursos. E aí sendo mais eficiente, eu acho que você tem que usar mais tecnologia e mais inteligência.”
Campos Neto afirmou ainda que, “se você tem uma incerteza [o mercado] começa a colocar um prêmio de risco”. Esse prêmio de risco, “na verdade se transforma no custo do dinheiro”.
O presidente do BC explicou que, com o custo do dinheiro mais elevado, “isso significa que todo todos os projetos vão ter uma taxa de retorno maior para se justificar”. Com a necessidade de oferecer um retorno superior, “muitos deles não serão feitos”.
Conforme Campos Neto, “às vezes você deixa de fazer projetos que são bons, porque, como o risco aumentou e o prêmio de risco subiu, alguns projetos não se justificam”.