A confiança do consumidor brasileiro, medida pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), recuou 1,8%, a 106 pontos, na passagem de janeiro para fevereiro. Apesar da queda, o indicador permanece na área considerada positiva, acima dos 100 pontos. Já na comparação com fevereiro de 2022 foi registrada alta de 19,1%.
“Esse recuo na confiança do consumidor, em relação ao mês anterior, pode ser explicado pela desaceleração da atividade econômica, prejudicando a geração de empregos e a renda das famílias”, diz Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP.
Ele pondera que o resultado não necessariamente configura mudança na tendência de alta da confiança observada desde maio de 2021. Mas, para o economista, a continuidade da evolução do indicador será determinada “pela elaboração de uma regra fiscal com credibilidade suficiente para permitir a redução das expectativas de inflação e, portanto, da taxa básica de juros.”
O indicador da ACSP – o Índice Nacional de Confiança (INC) – mede a percepção das famílias em relação à situação financeira atual e futura, segurança no emprego e disposição para adquirir bens de maior valor. A amostra coletada reúne entrevistados de 1.700 famílias de todas as regiões do país, residentes nas capitais e cidades do interior.
Na comparação mensal, a sondagem apontou diminuição da confiança dos consumidores residentes nas regiões centro-oeste (-5,2%), sul (-2,8%), norte (-5,9%) e sudeste (-3,5%). O nordeste foi a única região a apresentar aumento (1,1%).
Entre as classes socioeconômicas, os entrevistados da classe C se mantiveram estáveis, enquanto os entrevistados das demais classes mostraram redução na confiança.
Segundo a ACSP, quando questionados sobre a situação financeira atual e segurança no emprego, notou-se pessimismo dos entrevistados. Por outro lado, há estabilidade, na comparação com janeiro, em relação às expectativas para a evolução das finanças pessoais e a situação econômica do país e da região de moradia.
De acordo com Ruiz de Gamboa, esse quadro refletiu na menor proporção de entrevistados interessados em comprar itens de maior valor, como carro e casa, e bens duráveis, tais como geladeira e fogão, embora a disposição para realizar investimentos tenha registrado aumento.