A classe média brasileira tem enfrentado um aumento no endividamento e na inadimplência, conforme apontam os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de maio, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com os resultados, 79,6% das famílias que recebem entre três e cinco salários mínimos possuem contas em atraso.
No grupo que recebe de cinco a dez salários mínimos, 78% dos entrevistados apresentaram inadimplência ou endividamento no mês passado. Entretanto, os segmentos mais pobres e mais ricos da população registraram uma queda de 0,3% nesse índice em maio. No total, 78,3% das famílias brasileiras estavam inadimplentes ou endividadas no período analisado.
Segundo Izis Ferreira, economista da CNC responsável pela pesquisa, o aumento e a expansão do Bolsa Família, juntamente com o crescimento dos empregos formais para pessoas com menor escolaridade, têm ajudado os consumidores que ganham menos de três salários mínimos a pagar suas dívidas. ‘Esses indivíduos também são o principal alvo de renegociações, o que aumenta o risco de inadimplência na classe média’, explica a especialista, em entrevista ao jornal Correio Braziliense.
O estudo também mostrou que 18% dos participantes se consideram muito endividados, o maior percentual para esse grupo desde agosto de 2022. Izis comenta que, entre cinco famílias inadimplentes, uma afirmou não conseguir quitar dívidas de meses anteriores. ‘Os juros altos dificultam o pagamento das dívidas atrasadas, agravando as despesas financeiras’, conclui a economista.