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Fazenda projeta piora na curva da dívida com aperto monetário
A projeção de uma piora na curva da dívida bruta do governo geral acontece mesmo com as novas estimativas de alta do PIB, revelou o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, em entrevista ao “Valor”
27/09/2024
Valor Econômico

Por Guilherme Pimenta  e Lu Aiko Otta

 

O Ministério da Fazenda projeta uma piora na curva da dívida bruta do governo geral (DBGG) a despeito das novas projeções de alta do Produto Interno Bruto (PIB), antecipou em entrevista ao Valor o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron.

Segundo ele, a equipe técnica do Tesouro ainda está fechando os detalhes para a divulgação oficial, mas a dívida bruta deve fechar este ano em cerca de 77,5%, 77,7% ou 77,8% do PIB, segundo o secretário — o dado mais recente do Tesouro indicava para um fechamento em 76,6%/PIB em 2024.

O cenário de estabilização da curva da dívida permanece em 2028, mas os dados atualizados devem variar para algo entre 81% do PIB e 82% do PIB, segundo o secretário, que também mencionou a hipótese de fechamento em 81,5% do PIB em 2028 — a projeção mais recente indicava para uma estabilização em 2028 em 79,6% do PIB.

“A alta do PIB ajuda, mas, por outro lado, tem um novo ciclo de aperto na política monetária que tem algum impacto, já que parte importante da dívida é corrigida a taxa flutuante, e mesmo outros títulos que não são indexados a taxas flutuantes acabam sendo contaminados pela Selic”, avaliou Ceron.

Ele também comentou que esse “não é o desejo” da equipe econômica. “O ideal seria estabilizar abaixo de 80% do PIB, vamos ver se a gente consegue, mas olhando a projeção, hoje, com o que existe, estamos caminhando para esse patamar”, avaliou o secretário.