O bom desempenho da economia no segundo trimestre deste ano e a safra agrícola recorde levaram o Ministério da Fazenda a aumentar sua projeção de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, de 2,5% para 3,2%. A estimativa de inflação, por sua vez, se manteve inalterada em 4,85% – acima do intervalo superior da meta, que admite um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. As novas projeções do governo foram anunciadas ontem pela Secretaria de Política Econômica (SPE).
Segundo o órgão, o chamado “carregamento estatístico” para o PIB já estava em 3,1% nos dois primeiros trimestres deste ano. Isso significa que, se na segunda metade de 2023 o país não tiver nenhum incremento na renda gerada, já estaria garantida uma expansão de 3,1%. “O crescimento de 3,2% é uma projeção otimista. A gente não está prevendo uma estagnação da atividade nos próximos trimestres. Estamos esperando uma nova aceleração no ritmo de crescimento no quarto trimestre”, pontuou a subsecretária de Política Macroeconômica, Raquel Nadal.
A curto prazo, o Ministério da Fazenda projeta uma desaceleração da atividade econômica. No acumulado dos últimos quatro trimestres, o crescimento do PIB deve encolher de 3,2% para 2,9%, influenciado pela queda nas expectativas em relação aos setores de serviços e indústria, que devem encolher de 3,3% para 2,6% e de 2,2% para 1,7%, no terceiro trimestre deste ano, em relação aos quatro anteriores.
Enquanto isso, o setor agropecuário deve apresentar uma aceleração de 11,2% para 12,4% do segundo para o terceiro trimestre deste ano. “No caso da agropecuária, o crescimento interanual ainda deve ser acentuado de 8,8%, refletindo um aumento da produção e colheita de cana-de-açúcar, algodão e milho, comparativamente ao mesmo trimestre de 2022”, destacou a subsecretária.
Na inflação, o reajuste nos preços de combustíveis, que impulsiona a inflação, vem sendo compensado por uma pressão menor sobre preços de alimentos e serviços. A previsão para o IPCA deste ano permaneceu estável em 4,85%, mesma taxa de aumento na comparação com o boletim anterior. Para 2024, o governo manteve sua projeção de crescimento do PIB em 2,3%, mas ajustou sua previsão de IPCA de 3,3% para 3,4% (dentro do intervalo da meta, de 3% com 1,5 ponto de tolerância para mais ou menos), em função de mudanças no cenário de câmbio e preços de commodities.
Mercado
Economistas do mercado financeiro revisaram as expectativas para o crescimento da economia brasileira e da inflação neste ano. Segundo dados do Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, ontem, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2023 caiu, dos 4,93% observados na semana anterior, para 4,86%. Esta semana acontece a chamada “Super Quarta”, quando saem as decisões de política monetária tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil – o Comitê de Política Monetária (Copom) vai definir índice da Selic na próxima reunião.
Enquanto a previsão para a inflação para 2024 caiu de 3,89% para 3,86%, as expectativas para o IPCA de 2025 e 2026 permaneceram em 3,5%. A estimativa está próxima, mas ainda acima do teto da meta de inflação, que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3,25% para 2023, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior, 4,75%.
Já a mediana das projeções para a evolução do PIB de 2023 avançou de 2,64% para 2,89%; enquanto que para 2024 subiu de 1,47% para 1,50%. A projeção para 2025 caiu de 2% para 1,95%; e a de 2026 permaneceu em 2,0%. Em relação ao câmbio, as apostas para o dólar em 2023 caíram de R$ 5 para R$ 4,95. A projeção de 2024 caiu de R$ 5,02 para R$ 5 e, para 2025, foi mantida em R$ 5,10. A projeção para 2026 foi elevada de R$ 5,15 para R$ 5,18.