O ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência da República, Alexandre Padilha (PT), anunciou nesta terça-feira que o governo vai propor compensar os municípios em R$ 2,3 bilhões pela queda nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) dos últimos três meses. Além disso, Padilha disse que o presidente Luís Inácio Lula da Silva decidiu antecipar outros R$ 10 bilhões para Estados e municípios referente às diminuição das receitas de ICMS, por conta das mudanças na incidência do tributo sobre combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo.
As duas medidas devem ser incluídas no Projeto de Lei Complementar (PLP) 136, que prevê justamente uma compensação de R$ 27 bilhões da União para os Estados e o Distrito Federal em razão da queda de arrecadação do ICMS. O relatório do PLP está sob responsabilidade do líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR).
De acordo com Padilha, no caso dos R$ 10 bilhões referente ao ICMS, R$ 2,5 bilhões serão destinados exclusivamente às cidades e o restante ficará com os Estados. “Tivemos uma reunião agora com o presidente Lula para discutir o apoio necessário aos municípios por conta da queda na arrecadação. O presidente nos autorizou acertar duas medidas para ajudar [os prefeitos]. Primeiro nos autorizou antecipar repasse de 2024 referente à queda no ICMS, o que significa R$ 10 bilhões de compensação do ICMS., 25% disso vai para os municípios ou R$ 2,5 bi”, explicou ele após se reunir com o presidente Lula no Palácio da Alvorada.
Em seguida, o ministro contou que, em relação à compensação pela queda no FPM, a proposta de repassar R$ 2,3 bilhões aos prefeitos surgiu a partir do cálculo da queda de receita referente aos meses de julho, agosto e setembro. “A segunda medida autorizada é entregar um artigo para compensar a queda no FPM. É uma parcela extra que compensa a perda dos últimos três meses, mostrando, mais uma vez, que Lula não vira as costas para os municípios”, acrescentou. Com esta proposta, Padilha disse que a expectativa do governo é que o PLP seja aprovado amanhã na Câmara dos Deputados.
Na semana passada, o relato]r do PLP, Zeca Dirceu, antecipou ao Valor que já vinha negociando com o governo e com os líderes partidários para incluir em seu parecer um pagamento adicional do FPM como forma de ajuda-los e ampliar o espaço fiscal para 2024. “Se não tiver acordo de tramitar nenhuma pauta bomba, de contribuir para a agenda econômica do governo, é algo que podemos colocar no relatório”, disse ele, na ocasião.
A sugestão foi debatida, inclusive, na terça-feira passada com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, segundo o petista, não se opôs, Dirceu também explicou que fazer um pagamento adicional do FPM pode ser mais favorável à União do que aprovar projetos como a redução das alíquotas previdenciárias dos servidores municipais, com impacto de R$ 7,2 bilhões.
O governo vem tentando resolver o impasse político causado pela queda do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) de agosto e setembro, da redução no volume de emendas parlamentares repassada às cidades e do aumento das despesas das prefeituras, com a criação do piso nacional da enfermagem, Isso porque um novo protesto foi marcado para outubro em Brasília.
Os prefeitos querem a aprovação de emenda constitucional (PEC) para elevar em 1,5 pontos percentuais o FPM em março. Na época da apresentação da PEC, isso significava um repasse de R$ 4,5 bilhões por ano para as prefeituras.
A medida de recompor os repasses às cidades foi elogiada pelo presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, Ele destacou que a falta de recursos para as prefeituras, no entanto, é algo “estrutural”.
“Se vier o auxílio do governo é muito bem vindo, claro. Essa crise não foi responsabilidade do governo agora. Ela é estrutural. Mas precisamos nos unir para planejar alternativas que possam melhorar esse ambiente ruim que estamos vivendo”, disse Ziulkoski, segundo comunicado divulgado pela CNM.