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PIB do Brasil cresce 3,4% em 2024, puxado por serviços e indústria
07/03/2025
UOL

A economia brasileira cresceu 3,4% em 2024, na comparação com 2023, de acordo com dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Essa foi a maior taxa anual do PIB (Produto Interno Bruto) desde 2021.
O que diz o PIB
O PIB do ano totalizou R$ 11,7 trilhões. O PIB per capita teve avanço de 3% em termos reais frente ao ano anterior e fechou em R$ 55.247,45.
Consumo das famílias avançou 4,8% em relação a 2023. O avanço é atribuído aos programas de transferência de renda do governo, à melhoria do mercado de trabalho e aos juros que foram mais baixos em média do que em 2023, ainda que tenham subido no final do ano.
A despesa do consumo do governo teve crescimento de 1,9% no ano. As importações de bens e serviços apresentaram alta de 14,7% em 2024 e as exportações cresceram 2,9%. Já a taxa de investimento em 2024 foi de 17% do PIB, maior que em 2023, quando foi de 16,4%. A taxa de poupança, por sua vez, ficou em 14,5% em 2024 (ante 15,% no ano anterior).
O PIB do 4º trimestre do ano teve crescimento de 0,2%, na comparação com o terceiro trimestre do ano. Em relação ao 4º trimestre de 2023, o PIB avançou 3,6% É 16º resultado positivo consecutivo nesta comparação.
Quarto trimestre teve queda no consumo das famílias. “No quarto trimestre de 2024 o que chama atenção é que o PIB ficou praticamente estável, com crescimento nos investimentos, mas com queda no consumo das famílias. Isso porque tivemos um pouco de aceleração da inflação, principalmente a de alimentos. Continuamos tendo melhoria no mercado de trabalho, mas com uma taxa já não tão alta. E os juros começaram a subir em setembro do ano passado, o que já impactou no quarto trimestre”, diz Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Resultado ficou abaixo do projetado pelo Banco Central. O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica), indicador divulgado pelo BC e conhecido por antecipar o comportamento do PIB, sinalizou um crescimento de 3,8% da economia nacional em 2024.
Setores
O desempenho da economia foi puxado pelos setores de serviços e indústria. Serviços teve alta de 3,7% na comparação com 2023, enquanto a indústria cresceu 3,3%. A agropecuária sofreu queda de 3,2.
Houve crescimento em todas as atividades do setor de serviços. A área que mais cresceu foi informação e comunicação (alta de 6,2%), seguida por outras atividades de serviços (5,3%). O crescimento do comércio foi de 3,8%, enquanto atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados tiveram alta de 3,7%.
Na indústria, a atividade de construção foi o principal destaque. O setor teve alta de 4,3% em 2024, em função do crescimento da ocupação na atividade, da produção de insumos típicos e da expansão do crédito. Outros segmentos com crescimento significativo foram eletricidade, gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos (alta de 3,6%).
A agropecuária foi impactada por eventos climáticos. Efeitos climáticos adversos impactaram a agricultura, e várias produções registraram perda de produtividade, em especial a soja (-4,6%) e o milho (-12,5%).
O que esperar de 2025
PIB confirmou perda de ímpeto da economia e indica desaceleração para 2025. Ainda que o resultado de 2024 seja o de uma economia aquecida, os números do quarto trimestre apostam para uma desaceleração em 2025, diz Daniel Cunha, estrategista-chefe da BGC Liquidez. “O PIB do último trimestre de 2024 veio mais fraco que o esperado. Além disso, o trimestre anterior foi revisado para baixo, saindo de 0,9% para 0,7%, confirmando a perda de ímpeto da economia no final do ano passado. O ano de 2025 deve marcar uma desaceleração do ritmo de crescimento, na esteira do que foi confirmado pela divulgação de hoje”, diz.
Perda de ritmo no final do ano é reflexo da ação do Banco Central, que aumentou os juros para conter a inflação. Outro aspecto a ser considerado é a redução da demanda externa, o que pode ter limitado o crescimento das exportações. “Para 2025, o ritmo da economia deve continuar desacelerando, dado que o cenário base é de um aumento da taxa de juros pelo Banco Central. Além disso, o ambiente externo segue desafiador, com maior incerteza global, o que pode afetar tanto a demanda por exportações brasileiras quanto a confiança dos investidores”, diz Fernando Bento, CEO e sócio da FMB Investimentos.
Resultado foi acima do que se esperava no início de de 2024. Gesner Oliveira, economista, sócio da GO Associados e professor da FGV, destaca que a expectativa no início do ano era mais pessimista. “Havia um verdadeiro catastrofismo em relação ao ano de 2024 e o crescimento de 3,4% é bastante positivo”, diz. Segundo ele, 2025 deve ser diferente de 2024, com crescimento menor. “Com uma taxa de juros maior e um cenário externo mais desafiador sob as ações da gestão de Donald Trump, naturalmente as perspectivas de crescimento são um pouco menores”, diz.
O que é o PIB
O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em determinado período. Divulgado no Brasil pelo IBGE a cada três meses, o Sistema de Contas Nacionais Trimestrais é calculado a partir de uma fórmula que considera os consumos das famílias e do governo, os investimentos e as exportações líquidas.
A pesquisa foi iniciada em 1988, mas sofreu alterações ao longo dos anos. A primeira reestruturação ocorreu em 1998, quando os seus resultados foram integrados ao Sistema de Contas Nacionais, de periodicidade anual. Em 2015, uma nova mudança metodológica estabeleceu o ano de 2010 como referência para os cálculos.