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Economia
Serviços se recuperam e dão fôlego para PIB
Alta de 0,4% em março foi maior que a esperada por economistas
15/05/2024
Valor Econômico

Por Rafael Vazquez e Lucianne Carneiro

 

Após queda em fevereiro, o volume de serviços prestados no país subiu 0,4% em março ante fevereiro, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada pelo IBGE. O resultado veio pouco acima do esperado – a mediana das projeções coletadas pelo Valor Data apontava alta de 0,2% – e reforçou a visão dos economistas ouvidos pelo Valor de que o PIB do primeiro trimestre será positivo. No acumulado dos três primeiros meses de 2024, o setor cresceu 0,5%.

Apesar da queda de 2,3% dos serviços em relação a março do ano passado e de uma desaceleração que fez o crescimento em 12 meses ficar em 1,4%, há um consenso entre os economistas de que o desempenho do setor permanece “saudável” e condizente com o contexto macroeconômico do país, já que a taxa de juros segue alta e a atividade aquecida em serviços é foco de preocupação do Banco Central, que faz sua política monetária tentando convergir a inflação para a meta de 3% – o que ainda não foi alcançado.

“Considerando o contexto, inclusive o aperto monetário que demorou a impactar o setor, o desempenho [dos serviços] está num patamar satisfatório. Ainda é saudável”, afirma o economista do banco Inter André Valério. “Estamos vendo uma desaceleração nos últimos seis meses, mas isso se deve à base de comparação alta após aquela retomada pós-pandemia que colocou o desempenho dos serviços em um patamar muito elevado. De maneira geral, o setor continua crescendo num ritmo razoável”, acrescenta.

A visão é compartilhada pelo economista do Santander Gabriel Couto. Segundo ele, após um número baixo em fevereiro, quando a PMS mostrou recuo de 0,9% do setor, os dados de março são positivos principalmente pelo consumo das famílias na esteira do recente aumento da renda.”

Os destaques vieram de informação e comunicação, que cresceu 4%, e de profissionais, administrativos e complementares (3,8%). As duas atividades conseguiram, assim, recuperar as perdas de -2,5% e -2,1%, respectivamente, observadas em fevereiro. As outras duas altas vieram em transportes (0,3%) e serviços prestados às famílias (0,6%). No caso de transportes, conforme explicou o IBGE, foi possível recuperar apenas uma parte da perda de 1% acumulada em dois meses. Já os serviços prestados às famílias tiveram a segunda alta seguida, com ganho acumulado de 0,8%, ainda muito abaixo da perda de 2,8% de janeiro. Já a categoria “outros serviços” ficou estável.

Com os resultados de março, os serviços estão em patamar 12,1% superior ao do pré-pandemia, em fevereiro de 2020, e 1,5% abaixo do ponto mais alto da série histórica da pesquisa, alcançado em dezembro de 2022. O IBGE informou ainda que a receita nominal subiu 1,8% na passagem entre fevereiro e março. Na comparação com março de 2023, a receita de serviços teve alta de 1,7%.

Para Lucas Barbosa, economista da AZ Quest, as condições seguirão favoráveis para um desempenho no campo positivo do setor de serviços ao longo de todo o ano. “A dinâmica do crédito e do mercado de trabalho mais aquecido, com reajustes salariais um pouco mais forte na margem, deve continuar mantendo os serviços, em especial os serviços prestados às famílias, ainda forte ao longo de 2024.”

Em relação ao impacto que a tragédia causada pelas enchentes do Rio Grande do Sul pode ter sobre os serviços, Valério, do banco Inter, acredita o efeito será pouco significativo nacionalmente, embora muito impactante na região afetada.

“A tragédia no Sul deve apresentar algum vento contrário nas próximas pesquisas do IBGE para principalmente nas áreas de logística e transporte, mas creio que não será tão significativo nacionalmente dado que o impacto tende a ser mais regional”, disse.

O economista considerou que o crescimento de 0,4% do volume de serviços em março ante fevereiro reforça a percepção de que o setor continua forte e destaca que a oferta de serviços mais voltados a empresas, como os de tecnologia da informação e comunicação, são indicativos de que o setor permanece resiliente.